Daisy Jones And The Six

“Daisy Jones And The Six” de Taylor Jenkins Reid, conta a história de uma famosa banda fictícia – cujo nome é homônimo ao título da obra – a qual, em meados dos anos 70 tornaram-se um dos grupos de rock ‘n’ roll mais famosos internacionalmente.

Histórias documentais de banda (ficcionais ou não) não são exatamente uma novidade (órfão de The Naked Brothers Band até hoje). Elas comprovam todo o fascínio que nós, enquanto sociedade, temos com essas pessoas que nós mesmos colocamos num pedestal de famosas. Como tudo funciona, o que são os bastidores, os segredos cada uma das pessoas guarda. E principalmente quando resolvem um dia terminar o trabalho, quais os motivos disso? Só que Taylor inova justamente ao trazer isso pra um livro. 

Eu nunca li um livro que fosse sobre uma banda e eu imagino que esse não seja o primeiro, mas ele se destaca por ser escrito TODO em diálogos. Não há prosa, não há narrador. São diálogos puramente do começo ao fim. É como assistir aqueles documentários em que filma o rosto de uma pessoa enquanto ela fala e logo depois muda pra outra pessoa e então pra outra e assim por diante. E aí que mora uma genialidade do livro.

Ela não cria personagens. Ela cria humanos que por alguma razão não existem mas depois dos livros dela você começa a se questiona COMO eles não existem, pois sim eles existem. Ela consegue te passar essa sensação de realidade também nesse livro e é um mérito puro dela.

O livro conta a história da banda do início ao fim, desde antes das personagens se conhecerem ao dia em que decidem se separar. Mas o livro acaba centrando, logicamente, nas figuras de Daisy Jones e Billy Dunne (vocalista de o The Six). Ambos são as personagens que mais evoluem ao longo do arco narrativo e são aquelas com as quais você mais vai se conectar, pelo tempo mesmo em que eles estão presentes. Não foram as minhas favoritas mas eu gostei MUITO da dinâmica dos dois. Do amadurecimento dos dois, da perda de si mesmos e da redenção.

Daisy Jones é pra mim uma mulher incrível e com falas icônicas também. E que sabe disso. E que sabe também que é fraca. Porque é humana. Isso é uma coisa muito muito legal do livro, como ele trata suas personagens como pessoas humanas. Como tem altos e baixos, como a banda de fato se comportava nos bastidores, como aqueles ao redor se sentiam, pois todos são humanos, todos existem para além do palco e a autora faz questão de explorar isso.

Além de explorar também coisas como o abuso de drogas e álcool, de um jeito corajoso e real, toca na questão da abusividade dos relacionamentos e não tem medo de expor o que acha necessário. São fatores que humanizam ainda mais as personagens dela e ela soube como tratar de cada um dos temas.

Taylor Jenkins, a autora, foi capaz de transmitir as diferentes características de cada um muito bem durante o livro, e é impossível não se tornar apegada aos personagens e tudo que está ali. Fora que, por ser um livro que traz momentos de composição de álbuns da banda, Taylor ainda nos abençoa com as letras das músicas citadas – um trabalho completo!

Por último, gostaria de informar aos senhores que uma série baseada neste livro incrível já está em pré-produção pelo Prime Video, plataforma de streaming da Amazon. E, com o excelente trabalho que fizerem na adaptação de Good Omens estou animadíssima para ver Daisy Jones ganhar as telas e ver como esses personagens que se tornaram tão queridos para mim ganhando vida. A leitura é indicada para todos, absolutamente todos que ja foram fãs de alguma banda.

Dica: “Só Garotos” de Patti Smith, surge como uma ótima indicação aqueles que adoram livros ambientados nesse mesmo período e que tratam sobre o mesmo assunto.

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